Atos dos Apóstolos, 8, 26-40
HISTÓRIA DA CATEQUESE
Uma reflexão pastoral, teológica, antropológica, construindo a identidade da educação da fé cristã-católica.
A Palavra escrita não basta, por si para suscitar a fé no Senhor. O etíope lê e não “compreende”. Vem a palavra viva da Igreja (Filipe), que lê e interpreta. E a Igreja aprendeu do Ressuscitado a ler as Escrituras. Sua compreensão, porém, e as descobertas do mistério da ressurreição não são em si mesmas um fim, mas levam ao sacramento. Com a água do Batismo se encerra em Jerusalém o dia de Pentecostes. Com a água do batismo se encerra no deserto o encontro de Filipe com o etíope. E “cheio de alegria, prossegue o seu caminho” (v. 39).
Não há caminho de salvação que não passe por estas três etapas: escuta da palavra anunciada pela Igreja, batismo, alegria da vida renovada. A autenticidade de uma etapa condiciona a possibilidade dos outros momentos. (Missal Cotidiano, Missal da Assembléia Cristã, Paulus)
HISTÓRIA DA CATEQUESE
Século primeiro: do hino à narração
Neste primeiro século devido às características que estavam presentes no modo de catequizar dos primeiros cristãos, podemos dividi-lo em dois momentos. Primeiramente devemos ter em mente que os cristãos, em sua maioria vinham do Judaísmo, e tiveram contato pessoalmente com Jesus. Muito já sabiam sobre ele. Por isso até o ano 70 a catequese era feita de forma hinológica, ou seja, com forte orientação batismal e muito voltada para o alto: tendo Jesus como Senhor, ressuscitado, Juiz, que voltará logo. Também no ano 70 houve a destruição de Jerusalém e a diáspora, ou seja, a dispersão dos judeus e Judeu-cristãos, ocasionando um maior contato com a cultura pagã. A 2ª e a 3ª gerações não viram e não tinham conhecimento profundo do messias, principalmente os pagãos. Então sentiram a necessidade de refletir mais um Jesus, também, histórico. Conseqüentemente a catequese toma uma nova característica: passa de hinológica para uma narrativa dos fatos da vida de Jesus. Foi justamente aí, neste contexto, que nasceram os evangelhos, que são o maior material catequético que um cristão pode ter....
Anos 100 a 400: o catecumenato (Batismo crisma e eucaristia).
Nos primórdios, as pessoas que queriam fazer parte do cristianismo precisavam fazer duas coisas: pedir o batismo e professar a fé no Cristo. Então logo esta pessoa era inserida no meio da comunidade como um membro ativo na Igreja. Porém dois acontecimentos mudaram, mais uma vez o rumo da catequese:
Primeiro: A diáspora: No ano 70 com a dispersão dos judeus e judeu-cristãos, os cristãos mantêm um maior contato com a cultura greco-romana, ocasionando muitas conversões de romanos e gregos ao cristianismo.
Segundo: A perseguição: O Império romano, liderado por Nero, persegue os neoconvertidos. Estas duas situações exigiam uma catequese muito bem fundamentada, para corresponder aos "ataques" referentes a doutrina dos apóstolos. Esta catequese teria como objetivo combater as heresias (desvios da fé em pontos essenciais). E também evitar que os cristãos capturados pelos romanos se tornassem apóstatas, negadores da fé.
Para combater esses problemas a catequese toma uma forma mais rigorosa e exigente. A partir daí surge o catecumenato: tratava-se de um período de três anos de preparação para o batismo. Refletindo profundamente o modo de vida dos cristãos, seus costumes, etc. Depois deste tempo era realizado uma espécie de escrutinho, se o candidato fosse aprovado, passava a ser um ouvinte-observador dos crentes. Depois de três anos um novo exame, que o tornava eleito para a preparação imediata para o batismo. Nesta "preparação imediata", recebia o creio e o pai nosso para o candidato estudar em oito dias depois. Quando, enfim, recebia o sacramento do batismo era chamado de Neófito, que quer dizer regenerado, recebia os sacramentos de iniciação: catequese mistagógica.
A responsabilidade de todo esse processo era de uma catequista, que em nome da comunidade, se encarregava não só da instrução religiosa, mas também da verificação das mudanças de comportamento do candidato. Outra grande característica deste tempo é o surgimento de várias escolas de catequese, dentre as quais podemos destacar as mais famosas como a escola de Alexandria, no Egito; escola catequética de Cesária; e a escola de Antioquia, lugar onde os seguidores de Jesus foram chamados de cristãos pela primeira vez. (At 11, 26).
Primeiro: A diáspora: No ano 70 com a dispersão dos judeus e judeu-cristãos, os cristãos mantêm um maior contato com a cultura greco-romana, ocasionando muitas conversões de romanos e gregos ao cristianismo.
Segundo: A perseguição: O Império romano, liderado por Nero, persegue os neoconvertidos. Estas duas situações exigiam uma catequese muito bem fundamentada, para corresponder aos "ataques" referentes a doutrina dos apóstolos. Esta catequese teria como objetivo combater as heresias (desvios da fé em pontos essenciais). E também evitar que os cristãos capturados pelos romanos se tornassem apóstatas, negadores da fé.
Para combater esses problemas a catequese toma uma forma mais rigorosa e exigente. A partir daí surge o catecumenato: tratava-se de um período de três anos de preparação para o batismo. Refletindo profundamente o modo de vida dos cristãos, seus costumes, etc. Depois deste tempo era realizado uma espécie de escrutinho, se o candidato fosse aprovado, passava a ser um ouvinte-observador dos crentes. Depois de três anos um novo exame, que o tornava eleito para a preparação imediata para o batismo. Nesta "preparação imediata", recebia o creio e o pai nosso para o candidato estudar em oito dias depois. Quando, enfim, recebia o sacramento do batismo era chamado de Neófito, que quer dizer regenerado, recebia os sacramentos de iniciação: catequese mistagógica.
A responsabilidade de todo esse processo era de uma catequista, que em nome da comunidade, se encarregava não só da instrução religiosa, mas também da verificação das mudanças de comportamento do candidato. Outra grande característica deste tempo é o surgimento de várias escolas de catequese, dentre as quais podemos destacar as mais famosas como a escola de Alexandria, no Egito; escola catequética de Cesária; e a escola de Antioquia, lugar onde os seguidores de Jesus foram chamados de cristãos pela primeira vez. (At 11, 26).
500 a 600: Início de uma nova fase:
Neste tempo o Império romano começa a declinar devido a invasão dos bárbaros no ocidente. Até então a catequese era caracterizada por uma visão mais oriental, ou seja, sua doutrina fundamentava-se nos grandes Concílios: Nicéia e Constantinopla, esquecendo da realidade concreta. A causa de tudo isso era simplesmente uma ideologia reinante no oriente: tudo que é ligado ao corpo, ao material era ruim (gnosticismo), por isso suas reflexões teológicas estavam centradas num Cristo "Pantocrator" (rei todo poderoso). Esta invasão bárbara fez com que a Igreja voltasse a sua catequese para um Cristo mais histórico: o sofredor, crucificado, o pecado original, a liberdade de consciência, a eficácia e validade dos sacramentos. Começa então o declínio do catecumenato e o batismo de crianças torna-se uma prática comum.
600 a 1500: A cristandade:
Depois da chegada dos bárbaros no Império romano o número de analfabetos aumenta conseqüentemente a catequese sofre nova mudança: passa a ser muito mais reduzida à pregação. Além disso, por causa da união entre a Igreja e o estado, o cristianismo muito se consolidou. Então todos por medo ou por interesse tornam-se cristãos. Também neste tempo a Igreja adaptou e assimilou muitos costumes pagãos, cristianizando-os. Mais interessante ainda é vermos que não só a sociedade mas tudo era cristão: o tempo-- medido pelo sino da Igreja, a festa do santo (os nossos dias de semana) por exemplo, a arte-teatro, poesias, o canto gregoriano...Cresce a devoção e diminui a formação, esta que começava a ser responsabilidade dos pais e dos padrinhos.
O termo catequese não significa como geralmente se pensa a organização, nem a ciência catequética, nem tampouco a catequese dirigida às crianças; refere, em geral, à ação de catequizar em seu conjunto.
“A catequese foi a principal preocupação das comunidades cristãs desde as origens, as quais, para estarem atentas aos e às pessoas, arquitetaram formas e meios diversos, com o único objetivo de que a mensagem de Cristo Senhor chegasse de um modo compreensível às pessoas e transformasse as suas vidas” (BOLLIN, Francesco e GASPARINI, Francesco. A CATEQUESE NA VIDA DA IGREJA, editora Paulinas, traduzido por Dra. Maria Graça Ferrão Maia da Rocha, S. Paulo, 1998).
O início da catequese como disciplina, remonta ao ano 1774 quando, por disposição da imperatriz Maria Teresa da Áustria e, segundo o projeto preparado pelo abade beneditino Rautenstrauch, foi introduzido nas escolas de teologia do império austro-húngaro o ensino da catequética, como disciplina particular ou como parte da teologia pastoral. Mas, na realidade, começará a desenvolver-se com certa amplitude e rigor somente pelo fim do século XIX, a partir do nascimento e desenvolvimento do denominado movimento catequético, isto é, do rico florescimento de idéias e esforços que, do fim do século XIX até o Concílio Vaticano II, procurará renovar a teoria e a prática da catequese sob a influência de novas correntes culturais, especialmente de ordem pedagógica e psicológica. Por isso, a catequética, nascida do contexto teológico da reflexão pastoral, logo recebeu a influência das jovens ciências psicológicas e pedagógicas, de modo que, em alguns países, como na Alemanha, prefere-se chamá-la “pedagogia religiosa” (Religionspädagogik). ALBERICH, Emilio. CATEQUESE EVANGELIZADORA, Manual de catequética fundamental. Adaptação para o Brasil e América latina: Pe. Dr. Luiz Alves de Lima - São Paulo: Editora Salesiana, 2004.
Síntese de momentos históricos da catequese na consciência da Igreja, diante das necessidades de catequização:
Na época apostólica, e dentro do Novo Testamento, aparecem muitos termos para designar a realização concreta do ministério da Palavra. O ensinamento aos recém-convertidos recebe os termos, dentre outros: catequese, catequizar e catecumenato.
Na época patrística (filosofia cristã dos primeiros sete séculos, elaborada pelos Padres da Igreja, os primeiros teóricos —- daí "Patrística" —- e consiste na elaboração doutrinal das verdades de fé do Cristianismo e na sua defesa contra os ataques dos "pagãos" e contra as heresias) dá-se o florescimento do catecumenato batismal, dirigido fundamentalmente aos adultos. Os santos Padres chamam catequese à formação que prepara para o batismo. Para falar de formação cristã posterior ao batismo, os santos Padres utilizam outras expressões: didaqué, instituto christiana. Considerando o ministério da Palavra em seu conjunto, vemos, pois, como na época patrística foram privilegiadas já três formas principais desse ministério: o anúncio aos não-crentes, a catequese aos candidatos ao batismo e a didaqué aos convertidos.
Na época medieval, a instituição do catecumenato dilui-se, e com ele uma catequese centrada, sobretudo, no mundo dos adultos. A formação cristã se vê centrada nas crianças e jovens das famílias cristãs.
Na época moderna, verifica-se grande ignorância religiosa entre os adultos, e muitas vezes, séria deterioração moral. Tanto entre os protestantes como entre os católicos surge a necessidade de uma catequese básica generalizada, em nível de todo o povo cristão, que remedeie essas insuficiências. Esta necessidade dará origem aos catecismos menores (para crianças e para jovens) e aos catecismos maiores (para adultos).
Na época contemporânea se conserva viva essa mesma problemática e a Igreja tem consciência clara de que terá de catequizar todo o povo cristão. A partir de 1960, mais ou menos, toma-s consciência, também, de que a catequese com adulto deve ter duplo nível. Introduz-se na catequética a distinção entre a formação básica e a formação permanente.
1997 – Diretório Geral para Catequese – DGC:
Uma das graves questões que ajustou o DGC foi o conceito teológico de catequese, e o critério que elegeu foi o critério de convergência: como colaborar na nova etapa que se abre ao movimento catequético na Igreja, (cf. DCG) evitando a confrontação da catequese de iniciação e a catequese permanente.
- Catequese de caráter missionário ( Catequese querigmática):
A história percorrida oferece-nos os materiais suficientes para reconduzir o tema da catequese de caráter missionário até suas possibilidades operativas em face do futuro.
O Diretório Geral para a Catequese utiliza a expressão dinamismo missionário da catequese (cf. DGC 59, 86) para indicar o influxo que a missão ad gentes (sobre a atividade missionária da Igreja) deve exercer sobre toda a catequese: urgindo “catequese evangelizadora, isto é, catequese cheia de seiva evangélica e com linguagem adaptada aos tempos e ás pessoas” (DGC 194); promovendo a animação missionária nas Igrejas de cristandade antiga (cf. RM – Carta Encíclica Redemptoris Mater, 25/03/1987, João Paulo II, sobre a Bem Aventurada
Virgem Maria na vida da Igreja que está a caminho); suscitando a vocação mais especificamente missionária (ChL 35 – Exortação apostólica pós-sinodal Christifidelis laici, 30/12/1988, João Paulo sobre a vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo) de levar o evangelho a todos os que ainda não conhecem o Cristo; educando o sentido missionário visando à evangelização e à edificação da Igreja (cf. DGC 86).
Virgem Maria na vida da Igreja que está a caminho); suscitando a vocação mais especificamente missionária (ChL 35 – Exortação apostólica pós-sinodal Christifidelis laici, 30/12/1988, João Paulo sobre a vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo) de levar o evangelho a todos os que ainda não conhecem o Cristo; educando o sentido missionário visando à evangelização e à edificação da Igreja (cf. DGC 86).
Por último, de acordo com o Diretório, sugerimos a expressão catequese de caráter missionário para nos referirmos às diversas modalidades catequéticas próprias daquela situação na qual se requer nova evangelização. Dentro desta situação destaca-se especialmente a ação de primeiro anúncio a batizados faltos de verdadeira conversão, porém com certo interesse ou inquietude para com o evangelho. O novo Diretório Geral para Catequese prefere chamar a esta ação catequese querigmática (DGC 62), ainda que reconheça que pode ser também designada como pré-catequese (cf. DGC 62, 117).
O CATEQUISTA PARA A CATEQUESE DE CARÁTER MISSIONÁRIO.
O catequista ideal deverá ser, como nos países de missão, um apóstolo leigo de fronteira. Eis algumas atitudes específicas:
Ardor missionário: nascido da compaixão evangélica do bom Pastor que, deixando as noventa e nove, sai em busca da ovelha perdida (cf. Lc 15, 4). Talvez hoje com as proporções invertidas.
Maturidade de fé e testemunho: se não há outra forma de evangelizar mais do que transmitindo a outros “a própria experiência de fé” (EN 46); se o homem de hoje “escuta com mais prazer os que dão testemunho do que os que ensinam” (EN 41), o catequista deverá introduzir a narrativa da própria fé e o testemunho da própria vida no interior da sua ação missionária;
Presença e integração: o catequista deverá está presente em seu mundo concreto e integrar-se em sua cultura; ter sentido de Igreja e tomar parte da vida de sua comunidade; saber situar-se no momento atual da catequese;
Capacidade comunicadora: desde a convicção de que “o lugar missionário por excelência é aquele no qual se pratica boa comunicação humana o mais próximo possível ao encontro”;
Acompanhamento espiritual: a fim de poder fazer uma leitura sapiencial da existência, e não só explicar uma doutrina; a fim de dar respostas ás questões vitais e de atualidade; para ajudar a discernir os sinais dos tempos e a interpretar criticamente os acontecimentos.
PROJETOS CATEQUÉTICOS DE CARÁTER MISSIONÁRIO:
No campo da catequese de caráter missionário encontramo-nos com mais reflexões teóricas do que com realizações práticas. Isso é devido, principalmente, a que nas Igrejas de antiga cristandade não se tomou consciência clara de que a pastoral de conversão já não é suficiente hoje para tornar presente o evangelho numa sociedade indiferente e sem fé. O chamado a “passar de pastoral de conversão a pastoral de missão” ainda não se tornou realidade na maioria de nossas Igrejas. Sem opção geral, clara e decidida, pela pastoral missionária, é muito difícil pôr em marcha ações catequético de caráter missionário.
Chegou o tempo de passar a ação. Desenhar e experimentar novos processos de catequese de caráter missionário, para idades e situações diferentes, a serviço da nova evangelização.
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